Do campo ao prato. A terra é a fonte de sustento, é dela que vêm os recursos necessários para a produção do que mantém a todos de pé e, claro, daquilo que define muitas regiões. Em Mato Grosso do Sul, um forte traço que classifica e guia tanto a economia quanto a cultura é o desenvolvimento das atividades rurais, por isso, o Sebrae/MS realiza, por meio da 19ª edição da Ruraltur, exposições e oficinas através do espaço “Sebrae Rural”, com o propósito de dar suporte aos empreendedores na otimização de suas produções.

Com um leque de oportunidades, o Sebrae Rural trouxe para a Ruraltur desde exposições a oficinas. Dentre elas, está a exposição feita por médicos-veterinários de manequins da estrutura corporal da vaca, proporcionando ao público uma apresentação imersiva de como é realizada a inseminação artificial. O médico-veterinário Luiz Sartori explica que a intenção é disseminar conhecimento sobre o assunto.

“A gente tem os simuladores de inseminação artificial para demonstrar e para que o pessoal participe. Então, aqui é a parte da reprodutiva da pecuária, seja de corte ou de leite, com os materiais que são pertinentes ao processo. A partir dos manequins de inseminação é possível ver onde é o corte sagital da fisiologia da vaca e como ela é por dentro. Também tem o aparelho de ultrassom para fazer as avaliações ginecológicas. A parte de microscópio, que é andrologia, sêmen e afins”, explica o profissional.

Outra ação é a Rota Rural, iniciativa executada pelo Sebrae, com o apoio do Senar/MS, que visa a difusão de informações e capacitação sobre questões relacionadas ao desenvolvimento e a sustentabilidade das propriedades rurais dedicadas à produção de leite e hortifruti, orientando a transformação e agregação de valor desses produtos. Pequenos empreendedores do ramo de alimentos interessados em aperfeiçoar a fabricação de produtos artesanais também podem participar.

Como parte da programação, são realizadas oficinas sobre a produção de queijos: “Queijos com assinatura: Workshop de identidade para produtos artesanais” e “Além da forma: Desvendando o ponto perfeito da muçarela artesanal”. Ambas as capacitações são ministradas pelo mestre queijeiro Fabrizio Machado, de Chapadão do Sul, que afirma a necessidade dessa ação para mostrar aos demais produtores como valorizar o próprio produto no mercado.

“Criar a identidade do queijo é transformar o simples queijo comum em um produto com muito mais valor. O que vai fazer a pessoa comprar o seu queijo e não comprar o do outro? A questão da identidade, que são as características do queijo, vai definir isso. Cada etapa do processo que você muda algo, você cria um produto e, dessa forma, é criada uma identidade sua nele. Assim fica muito mais fácil comercializar, porque você se diferencia do mercado com algumas modificações”, reforça o mestre queijeiro.

Fabrizio Machado diz que sempre trabalhou com a produção de leite e queijo, mas, devido a uma perspectiva mais estratégica viu a necessidade de ter um diferencial para colocar o seu produto em destaque no mercado. Para isso, ele apostou na mistura e teste de combinações não usuais na fabricação. “A maioria das pessoas daqui simplesmente fazem o queijo e vendem ele fresco, não maturam, e nas oficinas nós explicamos sobre isso, inclusive a reconhecer o ponto do queijo. Quando o queijo é maturado o sabor dele é intensificado, e o queijeiro pode trabalhar a casca, defuma, pinta, ou mistura com algum outro ingrediente, como o vinho”, explica.

A gastróloga e participante das oficinas, Viviane Diniz, afirma que a questão das combinações foi o ponto forte da capacitação, além de entender como inovar para fortalecer a identidade do produtor. “A forma de utilizar ingredientes me chamou muita atenção, principalmente ingredientes da nossa cultura. Aqui a gente comeu queijo com café, com vinho, com azeite, e saber que podemos agregar esses ingredientes em nossas receitas abre um leque de possibilidades para nós que somos cozinheiros, chefes de cozinha, e auxilia ainda mais na criatividade já aflorada”, elogia a participante.

Ao falar sobre ingredientes da cultura sul-mato-grossense, é imprescindível o trabalho com os frutos do Cerrado e Pantanal. A tecnóloga em alimentos, Juliana Oliveira, foi a responsável por ministrar a oficina de “Da natureza à mesa: A arte de preparar geleias com frutos do cerrado”, onde apresentou as possibilidades de acrescentar as frutas nativas da região em geleias e outros produtos, o que também permite maior conservação dos alimentos.

“Tem muitas pessoas que não conhecem, ou às vezes conhecem o fruto em natura e não sabem que a gente pode fazer um processamento bem bacana. Por exemplo, a gente pode fazer farinhas, pode fazer bolos, pães, sorvetes, picolés, geleias, chocolates, conservas, várias coisas. Além disso, os frutos nativos do Cerrado e Pantanal são super nutritivos”, enfatiza a ministrante.

Juliana Oliveira destaca a iniciativa da Rota Rural e dos eventos para onde é levada, como algo essencial para divulgar para a sociedade a existência desses frutos e produtos. “As pessoas protegem e se interessam pelo que conhecem, por isso disseminar os frutos e seus derivados é essencial para garantir o sustento do povo e, inclusive, a preservação das terras onde são plantados. O trabalho do Sebrae e Senar com a Rota Rural é eficiente e faz toda diferença. Um exemplo disso são as oficinas, aqui várias pessoas de outros estados conheceram os frutos, inclusive de Mato Gross do Sul. Além disso, é uma ação que nos ajuda a movimentar nosso negócio, tenho uma doceria e após as exposições mais pessoas buscam meus produtos”, afirma a tecnóloga.

A Rota Rural é uma ação itinerante que já levou capacitações em agroindústria para diferentes municípios de Mato Grosso do Sul, ao longo deste ano. Segundo a analista-técnica do Sebrae/MS, Natália Leite, a intenção é aperfeiçoar os empreendimentos do setor agro do estado através do conhecimento.  “Além das oficinas e exposição, nós orientamos sobre como legalizar os produtos para a comercialização, abordando como é possível exportar esse produto, quais são as legislações que é preciso seguir, qual o diferencial de cada produto, qual é o nível de produção para atingir essas esferas... Explicamos sobre tudo isso”, complementa a analista.

Serviço – 19ª Ruraltur  

A Ruraltur é a maior e melhor feira de turismo rural do Brasil, e apresenta quais os melhores destinos de Mato Grosso do Sul, além de painéis, palestras e atrações culturais. Pela primeira vez no estado, o evento acontece até esta quinta-feira, 14 de dezembro, na Feira Central em Campo Grande. A programação completa está disponível em: ruraltur.ms.sebrae.com.br.