A violência contra a mulher é um problema social grave, que ocorre independente de classe social, credo, raça, etnia, idade ou nível de escolaridade. O Brasil é o quinto país com maior número de assassinatos de mulheres, sendo que Mato Grosso do Sul está entre os cinco estados brasileiros com maior índice de violência doméstica e familiar contra o gênero, o que se dá por vários fatores, entre eles, a sociedade machista e patriarcal em que vivemos.

Com a proposta de fortalecer a rede de atendimento e enfrentamento à violência principalmente contra as mulheres, a Prefeitura, por meio da Coordenadoria Municipal da Mulher em parceria com o Poder Judiciário do Estado e a Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar promoveu nos dias 27 e 28 de fevereiro, a formação “Especificidades da violência doméstica e familiar contra a mulher e fortalecimento das Redes de Enfrentamento e Atendimento à Violência Doméstica”.

Bataguassu sediou a capacitação promovida na sede do Clube da Melhor Idade e reuniu atrizes e atores da Rede de Proteção às Mulheres, entre eles, servidores da Assistência Social, Centro de Referência de Assistência Social (Cras), Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), membros da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Polícia Civil, Delegacia DE Atendimento à Mulher (DAM) entre outros. A atividade antecipou também as ações alusivas ao Dia Internacional da Mulher celebrado no dia 8 de março.

Durante a abertura do evento, o prefeito de Bataguassu, Akira Otsubo (MDB) comentou sobre a importância da discussão do tema [violência contra a mulher] e lembrou que a informação deve ser levada para todas as esferas com objetivo de que os índices desses casos sejam reduzidos no Estado e município.

A coordenadora municipal da Mulher, Loti Alves Meira, agradeceu a todos pela participação no evento e lembrou sobre a importância dos participantes da formação aproveitarem a oportunidade e sanarem dúvidas a respeito da temática da violência contra mulher. “Nosso objetivo é ter uma rede fortalecida. Através dessa parceria, nosso objetivo é sensibilizar a todos para que compreendam a complexidade da violência doméstica e a importância de um trabalho em conjunto para acolher as mulheres e prestar atendimento célere e desburocratizado para recuperar e salvar a vida de mulheres em situação de violência”, destacou.

Vanessa Vieira, assistente social e coordenadora de Política Judiciária Preventiva, que trabalha há mais de 25 anos nesta área de atuação, comentou que a maioria dos casos de violência contra mulher poderiam ser evitados.

Ela salientou que quando a demanda chega à justiça, normalmente, a violência já ocorreu e que o papel da Coordenadoria Estadual em promover capacitações nos municípios visa apoiá-los na construção de estratégias para combater os índices de feminicídio. “A violência é um problema de toda sociedade e não apenas das pautas da saúde e assistência social, por exemplo. Levar informação é importante para que seja trabalhada em uma perspectiva de evitar esses casos, com orientação, com formação”, comentou.

Durante os dois dias de reunião, foram debatidos temas como a abordagem dos aspectos psicossociais da violência doméstica e familiar contra a mulher; aspectos jurídicos da violência doméstica e familiar contra mulher; e protocolo de trabalho em rede.

Além da assistente social Vanessa Vieira, às temáticas foram conduzidos pelos facilitadores Aneliza Matos dos Santos, advogada da Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do TJ-MS; e Rodrigo Kenji Miyazaki de Souza, psicólogo da Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do TJ-MS. A formação teve carga horária de 12 horas / aula.

A secretária municipal de Assistência Social, Suely Otsubo, lembrou que a formação foi o pontapé inicial no combate aos casos de feminicídio no município. “A formação foi de suma importância para fortalecermos a rede de atendimento às mulheres vítimas de violência do nosso município sendo essencial esse envolvimento de diversos atores e atrizes (órgãos assistenciais, órgãos de segurança pública, etc) que contribuirão para um trabalho de prevenção e conscientização da população para o enfrentamento a todo tipo de violência e consequentemente reduzindo os índices de violência”, salientou Suely.