Mais de 100 servidores da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) participaram – nesta quarta-feira (26), no Plenário da Câmara Municipal de Vereadores – de uma atualização de informações e capacitação sobre o autismo. A identificação, a evolução e acompanhamento individual e coletivo dos casos de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) mobilizou servidores da saúde de todos os segmentos.

Mestre pelo programa de pós-graduação em Psicologia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Tarita Almirão dos Santos Oliveira, que atua na área de Análise Experimental do Comportamento, proferiu palestra para os servidores da saúde. Ela explicou que o maior número de profissionais treinados permitiu o aumento de identificações de casos pelo critério de diagnóstico precoce. “Tem mais gente treinada e capacitada no TEA”, acrescentou.

Durante a palestra, Tarita Oliveira informou, ainda, que há uma grande quantidade de novos estudos sobre o autismo, porém, falta mais informação para a população. “Infelizmente há um fosso entre a ciência e o público em geral e essa dificuldade existe até mesmo nas clínicas particulares, o que faz com que este problema seja ainda maior na saúde pública”, esmiuçou a psicóloga Tarita Oliveira. Um dos empecilhos – do ponto de vista prático – vem até dos planos de saúde, que acabam travando a continuidade dos tratamentos.

Em uma análise ampliada, a psicóloga Tarita Oliveira explicou que o Brasil vive um paradoxo quanto ao autismo. Isso porque o País detém um número significativo de profissionais com profundo conhecimento e respeitados internacionalmente. No entanto, o Brasil tem poucos dados disponibilizados. Nos Estados Unidos, por exemplo, já se sabe que a cada 35 crianças que nascem, uma tem autismo. Ela disse, ainda, que há uma expectativa de que os próximos censos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) possam trazer mais informações, já que a pandemia não será utilizada como método de travação para a obtenção de informações.

Pela Prefeitura de Ribas do Rio Pardo, sob a chancela do secretário municipal de Saúde, Marcos André de Melo, a psicóloga Juliana Belloni Furlan, da Clínica de Especialidades Médicas e responsável técnica do evento, destacou que a palestra trouxe novas informações e que a presença dos servidores em grande quantidade justifica essa necessidade. “O diagnóstico de hoje é bem diferente do que se fazia há dez e há 20 anos. Foram colocados novos critérios. Já sabemos que a gestação em idade avançada, a obesidade, o diabetes e até mesmo processos infecciosos são fatores que podem contribuir para a geração de uma criança com TEA”, avaliou Juliana Belloni.

Hoje, em Ribas do Rio Pardo, 12 crianças passam por um acompanhamento detalhado no autismo, com outros cinco casos em avaliação e mais três aguardando análise sobre comprovação ou não do TEA. Semanalmente, a equipe de psicologia – composta por Juliana Belloni, Luiza Nabarrete e Lucielly Bonin - trabalha com todas estas crianças, que também recebem o reforço fundamental da terapeuta ocupacional Nilce Angerame e da fonoaudióloga Fabiane Laranjeira. “As mães destas crianças recebem orientações coletivas e individuais para que possamos avançar no tratamento e acompanhamento delas”, explicou Juliana Belloni.

Em todo o mundo, o abril azul foi estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) ONU, como uma forma de conscientizar as pessoas sobre o autismo, além de ser uma forma de dar mais visibilidade ao Transtorno do Espectro Autista (TEA). Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma em cada 160 crianças no mundo tem TEA. A psicóloga Juliana Belloni frisou que o autismo é genético, mas não é hereditário, ou seja, está nos genes, mas não passa de geração em geração.